As Cabeças de S. Cristóvão e S. Gonçalo; foto Joaquim Pina Cabral

Romaria gaiense de S. Gonçalo

 

Vai decorrer no próximo domingo, dia 15 de janeiro, a tradicional romaria gaiense de S. Gonçalo entre a Beira-Rio, na freguesia de Santa Marinha e a igreja paroquial de Mafamude.

É protagonizada por três grupos de festeiros, os Mareantes do Rio Douro, a Comissão Velha da Rasa e a Comissão Nova da Rasa, hoje associações recreativas que perpetuam a tradição da antiga faina marítimo-fluvial no Rio Douro, quando ao mesmo chegavam embarcações de todo o mundo e daqui partiam os produtos do Douro e das Beiras.

Os mareantes eram a aristocracia do mar, armadores, capitães de longo curso, pilotos da barra e negociantes de grosso trato. Os grupos de Mafamude representam os artífices que trabalhavam nesta faina, tanoeiros, carpinteiros navais, caixoteiros, construtores de veículos. S. Gonçalo é o protetor das viagens de longo curso e das doenças dos ossos, além de casamenteiro de viúvas. S. Cristóvão é o padroeiro dos barqueiros e dos viajantes e S. Roque o protetor contra as doenças contagiosas.

Esta devoção popular, festiva e ruidosa, deve remontar ao século XVII quando se faziam peditórios para a canonização de S. Gonçalo de Amarante. Para além da sua terra de origem, de Vila Nova de Gaia e de Aveiro, celebra-se também no Brasil, onde existe uma cidade chamada S. Gonçalo e o culto popular em várias outras povoações

Mas é sobretudo uma festa propiciatória de um Bom Ano Novo para todos os que nela participam. Por isso venha daí no próximo domingo a cantar o «E ele é nosso, e é, é, é!»

Sobre S. Cristóvão, Eça de Queirós escreveu uma das mais brilhantes obras de ficção da Literatura Portuguesa.

 

J. A. Gonçalves Guimarães